Carta aos Brasileiros
A Associação dos Criadores de Brahman do Brasil (ACBB), por meio de sua diretoria e associados, vem aos cidadãos brasileiros alertar quanto a uma série de materiais jornalísticos, entre noticiário e reportagens diversas, na imprensa eletrônica e na impressa, que vem atribuindo centenas de queimadas pelo País, contundentemente na Amazônia, a ações de interesse do setor agropecuário.
Primeiramente esta entidade, a ACBB, se vê na obrigação de lembrar que há maus e bons profissionais e empresários – no que diz respeito a valores morais e éticos – em todas as atividades econômicas, sociais e políticas, espalhados não só no Brasil como em todo o mundo, independente de etnia, gênero, crença religiosa e status quo. Portanto parece ser justo afirmar que é da natureza humana iniciativas de interesses questionáveis e extremamente particulares volta e meia sobreporem aos da maioria.
Partindo deste contexto, resta dizer que há ainda a falta de informação e a desinformação, por motivo alheio aos fatos, por deliberação ou simplesmente pela falta de competência técnica. Atribuir à agropecuária o desmatamento e queimadas desastrosas ao meio ambiente, portanto, pode ser uma atitude explicada por um amplo espectro de razões, restando à inteligência da sociedade, com o apoio de suas instituições, uma justa leitura dos acontecimentos.
A agropecuária brasileira tornou-se protagonista na produção mundial de alimentos, geradora de importantes divisão para os interesses nacionais, e é, hoje, seguramente motivo de orgulho para o seu povo, pois coloca todo tipo de alimento no seu prato com qualidade e preços acessíveis, para não dizer, muitas vezes, “muito baratos”. O produtor do campo é um homem que trabalha de sol a sol como qualquer outro bom trabalhador desta pátria, sob a ordem da lei e o bem-estar social. Sua terra é seu meio de vida, seja ele colaborador ou empresário.
Logo, a regra básica de conservação e sustentabilidade é um mandamento sagrado, há décadas, bem antes de ser um dever da consciência ambiental, algo recente na humanidade. A terra fixa o homem e garante o sustento de gerações, no presente, no passado e no futuro. Para isso, a terra fértil depende de cuidados mínimos, assim como qualquer ente querido e, todo produtor tem a consciência do seu papel na cadeia produtiva, independente da maior ou menor satisfação, em função de intercorrências de mercado ou da macroeconomia, como a recessão que nos vemos instalados. Até mesmo, muitas vezes, de uma remuneração que o torne perene.
É sabido que, pela ausência do Estado na Amazônia, independente das inúmeras justificativas ou mesmo se são ou não legítimas – até do viés político – estimula a ação criminosa de madeireiros, seguida da ocupação ilegal de posseiros que passam a ocupar as áreas desmatadas. Nessa sequência histórica, quase uma rotina, a ocupação que se segue é para a criação de pequenos rebanhos ou uma lavoura de sub existência. Logo, isso não é Agropecuária de que falamos! Isso é desespero e a histórica ineficiência do Estado de Direito.
O que o povo brasileiro não sabe é que a queimada é permitida pela Lei em determinadas situações. Ela é licenciada para modelos controlados com as devidas técnicas e consequências ambientais mínimas e seguras, sem qualquer ameaça à vida ambiente. Séculos atrás, como inúmeros documentos históricos revelam, os próprios índios (pessoas teoricamente e totalmente integradas aos respectivos biomas) ateavam fogo para promover suas lavouras e revigorar suas matas, como um recurso disponível.
Estas áreas nominavam pelas palavras Campo (singular) ou Campos (plural). Hoje, é só conferir no mapa político do País e ver quantas cidades começam com um Campo ou Campos na sua nominação. Há mesmo até bairros em metrópoles com essa atribuição. Da mesma forma que a queimada, a Lei em vigor no País também permite o desmatamento em áreas de floresta. Na Amazônia, em média, 20% da área em questão. Portanto, resta saber se o desmatamento de 20 mil campos de futebol estava ou não na legalidade.
A ocupação da Amazônia é um objetivo primordial para não condenarmos nossos irmãos da região Norte, cerca de 20 milhões, à condição esdrúxula de sub cidadãos. Devemos lutar e promover um plano de exploração sustentável e que efetivamente garanta a vida do bioma para o Brasil, acima de tudo em sua plena soberania, ocupando-a, efetivamente; mas também para o mundo, com toda sua biodiversidade e riqueza. Logo, o que a imprensa deve fazer é levar seu trabalho à última das consequências e revelar o fio da meada. Dar nome aos bois e não só mostrar a fuga das onças.
Vamos acreditar em nossas instituições sem, porém, sermos massas de manobra. Para tais ações criminosas há uma Sociedade, Justiça e um Estado, em dificuldades; nunca uma atividade Agropecuária dando o aval. Pense: não chamamos um ladrão de bancos de banqueiro, nem um traficante de mega comerciante. Nós chamamos a polícia.